O running começa a fazer parte do léxico e dos hábitos dos
portugueses. Há uns tempos era o jogging. E, apetece perguntar, «não pode ser
apenas um walking?
As virtudes do passeio, confirmadas pelos investigadores de
cardiologia e, também, da neuropsicologia, há muito que são uma evidência para
a medicina. Caminhar para arejar as ideias, desenferrujar os músculos e, agora
que se aproxima o inverno, ajuda a combater os sedentarismo e é bom para
fortalecer defesas. Uma prática simples, mas eficaz, ecológica e ‘no cost’.
Ok,
custa um bocado contrariar a inércia, agora que os dias são mais curtos e as
variações climatéricas convidam ao conforto do lar e dos espaços fechados.
Certamente já lhe aconteceu «tropeçar» numa ideia para
aquela questão que ficou o dia todo às voltas, na cabeça, na hora de ir desejar
o lixo? Ou enquanto passeia o cão? O simples caminhar, estar em movimento sem
que seja isso seja um objectivo (o «ter-de-fazer-exercício-entre-as-outras-mil-tarefas-do-dia»),
pode ter um impacto subtil, mas surpreendente.
Alguns dos mais proeminentes filósofos e escritores, de
Rosseau a Kant, passando por Jack Kerouac e Bruce Chatwin, testemunharam os
benefícios da caminhada, desconhecidas que eram, então, as evidências
científicas do «dar corda aos sapatinhos». Além de estimular a coordenação motora e o
hemisfério direito, a parte do cérebro associada à intuição e à criatividade, caminhar
promove a capacidade de autofoco e o «grounding» (que significa enraizamento).
Pés na terra e cabeça nas estrelas, portanto.
Se andar for, para si, uma actividade monótona, há sempre a
possibilidade de repetir a experiência introduzindo alguns ingredientes
estimulantes.
Sugestões:
Caminhar na companhia de alguém (escolher se prefere
caminhar em silencio ou enquanto põe a conversa em dia é um ponto importante)
Escolher um percurso diferente (há quem prefira o paredão,
junto ao mar, e quem prefira paisagens mais desafiadoras e com menos densidade
de transeuntes e poupar-se ao «frete» da passadeira do ginásio)
Optar por uma hora do dia em que não tenha de estar sempre
«on» (ao telemóvel, a combinar detalhes da agenda laboral ou quando está perto
da hora de algum compromisso inadiável);
Se a noite é um ambiente mais
cativante (por estarem «arrumadas» as rotinas do dia, já estar sem vontade de
ver os mesmo programas diante do sofá ou simplesmente porque a seguir vai
dormir melhor, depois de reciclar a «tralha mental» a cada passada), óptimo.
Se
madrugar é o seu registo, nada como começar o dia a clarificar ideias em
movimento, antes de mergulhar na «máquina de lavar» dos afazeres quotidianos.
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