terça-feira, 8 de junho de 2010

O factor «Ex»

O factor «Ex»


by roadhouse blues (blog)


Pouco passava da meia-noite quando entrou em casa. Tomou um banho e enviou a ultima mensagem do dia ao homem com quem estivera a jantar. «Dorme bem, amor. Obrigada por seres quem és». O pior foi mesmo conseguir dormir. Agora sentia na pele as consequências de saber «toda a verdade» sobre o passado do outro.

Quando começaram a andar juntos fizeram um pacto: partilhariam uma política de transparência quanto a assuntos passados. Seria esse o garante da intimidade e aceitação mútua. As tão aguardadas «confissões» dele tiveram um sabor amargo. Por momentos, arrependeu-se de ter tido uma atitude tão «moderna», tão «mente aberta». Por momentos, desejou não ter sabido o quão rotineiras passaram a ser as sessões de ménage a trois que ele afirmava fazer habitualmente com a ex mulher.

Passaria bem sem ter conhecimento das qualidades que mais apreciava nas mulheres que foram um dia suas companheiras de viagem. Valeria a pena ter de ouvir coisas como «gosto de ti, porque não és melga nem ciumenta como a minha ex, que ainda hoje me telefonou»? Agarrada à almofada, o corpo aconchegado entre lençóis, sentiu os músculos a relaxar. Acabava de fazer a descoberta da noite.

«Talvez não seja assim tão saudável saber detalhes da biografia amorosa de quem amo; o passado infiltra-se à mesa e na cama, e ganha o estatuto de amante implacável.» Só então dirigiu os seus pensamentos para ele: era capaz de aceitá-la, sem se afectar com as digressões e devaneios dela com outros homens, em dias que já lá vão? Tomou um comprimido para a ansiedade e entregou-se, por fim, ao silêncio envolvente do sono.

Desafio:
Estará preparado (a) para «toda a verdade» sobre os (as) ex que existiram antes de si? Pense duas vezes antes de decidir fazer o raio X às «vidas passadas» de quem conhece há pouco tempo. Ainda que tal seja entendido como prova de confiança e amor, não deixa de ser factor de desconforto e desilusão. O pior que pode acontecer é ter de digerir a evidência de que afinal não se é o melhor, o mais competente, o único na vida de outro alguém.

Comente este post.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Comentar